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CONTEXTO HISTÓRICO
Entende-se por Pré-História, o período que vai do surgimento dos primeiros homens até a invenção da escrita, por volta de 4.000 a.C.. A distinção entre História e Pré-História é estabelecida pelas fontes históricas, uma vez que, no estudo dá Pré-História, só existem fontes não escritas.
A origem da humanidade tem explicações múltiplas, derivadas da religião, dos mitos e da ciência. Na nossa sociedade ocidental, esta origem encontra-se baseada em duas teorias:
- O Criacionismo: explicação religiosa derivada da tradição judaico-cristã que explica a origem do homem como objeto da criação divina.
- O Evolucionismo: explicação científica que parte do pressuposto da evolução das espécies, ou seja, o homem bem como todos os demais seres vivos evolui e modifica-se através da interação com as condições do seu meio-ambiente, adaptando-se às mudanças do planeta.
Os primeiros hominídeos surgem por volta de 5 milhões de anos atrás ( o nosso planeta tem 5 bilhões de anos) nas florestas africanas, onde segue um curso evolutivo. A primeira espécie a deixar a África foi o Homo Erectus, que migrou para a Europa e Ásia. Acredita-se que na Europa deram origem aos Neanderthalensis.
Na África, o Homo Erectus evoluiu à cerca de 150 mil anos para o Homo Sapiens Sapiens, que espalhou-se para as demais regiões do planeta confrontando-se com as demais espécies, como os Neanderthalensis na Europa, levando-os à extinção (estima-se que foram extintos por volta de 27 mil anos atrás).
Durante o período Glacial que ocorreu há 20 mil anos, formou-se uma ponte ligando a Ásia e a América do Norte pelo Estreito de Bering, permitindo a passagem e a migração do Homem para o continente americano.
A DIVISÃO DA PRÉ-HISTÓRIA
A Pré-História divide-se em três períodos distintos, levando-se em conta o desenvolvimento cultural, social e tecnológico:
PALEOLÍTICO
Paleolítico Inferior:
- Data de aproximadamente 5.000.000 a 25.000 a.C.;
- Surgem os primeiros hominídeos;
- Viviam de caça e coleta de frutos;
- Começam a controlar do fogo; e
- Fabricavam instrumentos de pedra lascada, madeira e ossos (Ex: facas, machados).
Paleolítico Superior:
- Fabricavam instrumentos de marfim, ossos, madeira e pedra (Ex: machado, arco e flecha, lançador de dardos, anzol e linha);
- Há o desenvolvimento da pintura e da escultura.
Também chamado de Idade da Pedra Lascada, é o período mais longo da história, caracterizado pelo homem caçador e coletor, pelo desenvolvimento de ferramentas feitas de osso e de pedra, pelo modo de vida nômade e pelo domínio do fogo. Habitava cavernas e alimentava-se de animais, peixes, plantas, raízes e frutos que obtinha diretamente da natureza, obrigando-se assim ao deslocamento constante em busca de alimentos. As primeiras manifestações culturais, como pinturas rupestres, cuidados com os mortos, etc., datam desse período.
NEOLÍTICO
- Fabricaram instrumentos de pedra polida, enxada e tear;
- Inicia-se o cultivo dos campos e a domesticação dos animais;
- Surge o artesanato: cerâmica e tecidos;
- Através das construções de pedra surgem os primeiros arquitetos do mundo.
Também chamado de Idade da Pedra Polida, é o período em que se desenvolvem as primeiras formas de agricultura, de criação de animais e de divisão social do trabalho. A passagem do homem coletor/caçador para o homem agricultor representou uma verdadeira revolução. Ao permitir o controle sobre suas fontes de alimentação, tornou o homem sedentário, dando origem às primeiras aldeias e vilas.
A agricultura surgiu de forma independente e em períodos diferentes em diversas regiões do mundo, embora represente uma revolução, ela deve ser entendida como um processo longo e gradativo, no qual o homem foi adaptando e selecionando espécies vegetais e animais.
A vida sedentária levou gradativamente ao aperfeiçoamento das ferramentas e a divisão do trabalho entre homens e mulheres (divisão de tarefas de acordo com o sexo) e entre agricultores, caçadores, pescadores, etc. A vida social foi gradativamente tornando-se mais complexa, exigindo regras de conduta, de divisão da produção, formas de organização e um conjunto de crenças e mitos que garantiam e explicavam a existência do mundo.
IDADE DOS METAIS (dominação da técnica de fundição do bronze, ferro e cobre)
- Aparecimento de metalurgia;
- Aparecimento das primeiras cidades;
- Invenção da roda;
- Invenção do Arado de bois;
- Invenção da escrita.
As necessidades da vida sedentária leva à uma especialização crescente das atividades do trabalho e do aprimoramento das ferramentas e das armas, pois as áreas agricultáveis e os rebanhos precisavam ser defendidos de outros grupos rivais, levando ao aperfeiçoamento da metalurgia. O uso de metais ocorreu em três fases: Idade do Cobre, do bronze e do Ferro, sendo que este período, de maneira geral representa a transição para os tempos históricos, pois coincide com o advento da escrita entre os Sumérios e os Egípcios e a formação das primeiras cidades, onde a complexidade das relações estabelecidas entre os indivíduos e o seu meio de existência, leva à passagem da sociedade comunal (inexistência da propriedade privada da terra) para a Civilização, um novo estágio de desenvolvimento social.
ENTENDENDO A ARTE NA PRÉ-HISTÓRIA
Por esse período não ser registrado por nenhum documento escrito, pois é exatamente época anterior à escrita, tudo o que sabemos dos povos que viveram nesse tempo é o resultado da pesquisa de antropólogos, historiadores e dos estudos da moderna ciência arqueológica, que reconstituíram a cultura do homem. A esses povos chamamos de ágrafos, por ainda não conhecerem a escrita. O resgate desses povos feito pelas pesquisas dos arqueólogos e estudiosos é feito através de vestígios de moradias, armas, instrumentos, restos de alimentos, enfeites, cerâmicas, pinturas, esculturas, etc.
Nenhum homem nasce sabendo caçar, proteger-se do frio e dos outros animais, ou ainda, construir abrigos, ferramentas e utensílios. Somente através da observação e da aprendizagem o homem foi capaz de elaborar seus conhecimentos, evoluir e fazer sua própria história. O homem torna-se um “criador” e começa a se distinguir dos outros animais através do uso da razão e da ação sobre a natureza.
A arte na Pré-História é muito pragmática, ou seja, a arte produzida pode possuir uma utilidade material, cotidiana ou mágico-religiosa.
As manifestações artísticas mais antigas foram encontradas na Europa, em especial na Espanha, sul da França e sul da Itália e datam de aproximadamente de 25.000a.C., portanto no período paleolítico. Na França encontramos o maior número de obras pré-históricas e, até hoje, em bom estado de conservação, como as cavernas de Altamira, Lascaux e Castilho.
As manifestações artísticas mais antigas foram encontradas na Europa, em especial na Espanha, sul da França e sul da Itália e datam de aproximadamente de 25.000a.C., portanto no período paleolítico. Na França encontramos o maior número de obras pré-históricas e, até hoje, em bom estado de conservação, como as cavernas de Altamira, Lascaux e Castilho.
As Cavernas
Existem várias cavernas pelo mundo, que demonstram a pintura rupestre, algumas delas são:
- Caverna de ALTAMIRA, Espanha, quase uma centena de desenhos feitos a 14.000 anos, foram os primeiros desenhos descobertos, em 1868. Sua autenticidade, porém, só foi reconhecida em 1902.
- Caverna de LASCAUX, França, suas pinturas foram achadas em 1942, têm 17.000 anos. A cor preta, por exemplo, contém carvão moído e dióxido de manganês.
- Caverna de CHAUVET, França, há ursos, panteras, cavalos, mamutes, hienas, dezenas de rinocerontes peludos e animais diversos, descoberta em 1994.
- Gruta de RODÉSIA, África, com mais de 40.000 anos.
Atualmente, ainda encontramos pessoas que usam cavernas como moradias.
PERÍODO PALEOLÍTICO OU IDADE DA PEDRA LASCADA
PERÍODO PALEOLÍTICO OU IDADE DA PEDRA LASCADA
PINTURA: A principal característica dos desenhos da Idade da Pedra Lascada é o naturalismo. O artista pintava os seres, um animal, por exemplo, do modo como o via de uma determinada perspectiva, reproduzindo a natureza tal qual sua vista captava.
Atualmente, a explicação é de que a arte era realizada por caçadores e que fazia parte do processo da caça e na crença da magia da pintura em interferir na captura de animais, ou seja, o pintor-caçador do Paleolítico supunha ter poder sobre o animal desde que possuísse a sua imagem. Acreditava que poderia matar o animal verdadeiro desde que o representasse ferido mortalmente num desenho. Essas pinturas são chamadas de rupestres por serem feitas em rochedos e paredes de cavernas com a mistura de água, argila, carvão, barros coloridos, sangue e gordura animal. Desse período encontramos pinturas de cavalos, leões, cervos, mamutes, bisões e touros. Posteriormente produziram cenas de caça. Tanto na pintura quanto na escultura, nota-se a ausência de figuras masculinas.
ESCULTURA: Predominam figuras femininas, com a cabeça surgindo como prolongamento do pescoço, seios volumosos, ventre saltado e grandes nádegas, ressaltando a fertilidade feminina. Destaca-se: Vênus de Willendorf.
As Vênus desse período simbolizam a fecundidade. É muito importante para o povo da Pré-História manter alta a taxa de natalidade uma vez que era difícil a sobrevivência e a taxa de mortalidade infantil era muito alta.
ARQUITETURA: Refugiavam-se nos lugares que a natureza lhes oferecia, podendo ser em aberturas nas rochas, cavernas, grutas ao pé de montanhas, no alto delas ou montavam cabanas com paus, ossos de mamutes, peles de animais e fibras vegetais.
PERÍODO NEOLÍTICO OU IDADE DA PEDRA POLIDA
A capacidade intelectual e a evolução técnica se aceleram. A fixação do homem da Idade da Pedra Polida, garantida pelo cultivo da terra e pela manutenção de manadas, ocasionou um aumento rápido da população e o desenvolvimento das primeiras instituições, como família e a divisão do trabalho. Assim, o homem do Neolítico desenvolveu a técnica de tecer panos, de fabricar cerâmicas e construiu as primeiras moradias, constituindo-se os primeiros arquitetos do mundo. Conseguiu ainda, produzir o fogo através do atrito e aos poucos deu início ao trabalho com metais.
PINTURA: Todas essas conquistas técnicas tiveram um forte reflexo na arte. O homem, que se tornara um camponês, não precisava mais ter os sentidos apurados do caçador do Paleolítico, e o seu poder de observação foi substituído pela abstração e racionalização. Como consequência surge um estilo decorativo simples e geométrico, demonstrando cada vez mais um maior grau de abstração. Sinais e figuras mais que sugerem do que reproduzem os seres. Os próprios temas da arte mudam: começam as representações da vida coletiva, ou seja, a figura humana, rara no período anterior, aparecem muito mais no neolítico, perdendo aos poucos o seu caráter mágico.
Por volta de 2.000 a.C. as características da pintura começam a se apresentar em um nível próximo a de formas escritas, preservando, porém, seu caráter mágico ou religiosos, celebrando a fecundidade ou os objetos de adoração (totens).
ESCULTURA: Além de desenhos e pinturas, o artista do Neolítico produziu uma cerâmica de utilidade doméstica e objetos religiosos que revelam sua preocupação com a estética, ou seja, não se preocupavam apenas com a utilidade do objeto, mas também com a beleza.
ARQUITETURA: Construíam monumentos de pedras colossais, que serviam de câmaras mortuárias ou de templos. Raras as construções que serviam de habitação.
Essa pedras pesavam mais de três toneladas, fato que exigia o trabalho de muitos homens e o conhecimento da alavanca para erguer essas pedras. Esses monumentos e construções de pedras foram denominadas de "megalíticos".
Essa pedras pesavam mais de três toneladas, fato que exigia o trabalho de muitos homens e o conhecimento da alavanca para erguer essas pedras. Esses monumentos e construções de pedras foram denominadas de "megalíticos".
Os monumentos foram classificados em:
- Dolmens: Consistem em duas ou mais pedras grandes fincadas verticalmente no chão, como se fossem paredes, e uma grande pedra era colocada horizontalmente sobre elas, parecendo um teto.
- Menir: Monumento megalítico que consiste num único bloco de pedra fincado no solo em sentido vertical.
- Cromlech: Ele apresenta um enorme círculo de pedras erguidas a intervalos regulares, que sustentam traves horizontais rodeando outros dois círculos interiores. No centro do último está um bloco semelhante a um altar. O conjunto está orientado para o ponto do horizonte onde nasce o Sol no dia do solstício de verão, indício de que se destinava às práticas rituais de um culto solar. Lembrando que as pedras eram colocadas umas sobre as outras sem a união de nenhuma argamassa. O Santuário de Stonehenge, no sul da Inglaterra, pode ser considerado uma das primeiras obras da arquitetura que a História registra.
IDADE DOS METAIS
No final do Período Neolítico, o homem aperfeiçoa os seus instrumentos através do uso da metalurgia. Os artefatos de pedra polida serão substituídos por ferramentas de metal, por volta do ano 5.000 a.C., inaugurando a chamada Idade dos Metais. O domínio da técnica de fundição dos metais representa um grande avanço científico alcançado pelos homens naquele período. O primeiro metal utilizado pelo homem foi o cobre; posteriormente, através da fusão do cobre com o estanho, o homem obteve o bronze.
O processo de desenvolvimento da metalurgia culminou finalmente com a utilização do ferro. Porém, sendo o ferro um metal escasso e mais difícil de ser fundido, só foi obtido por volta de 1.500 a.C. e dominado somente por alguns povos. Eles aproveitaram o ferro para a utilização de seus armamentos afirmando sua superioridade militar.
Vale lembrar que nem todos os homens dominavam plenamente as técnicas de fundição. Por este motivo, os instrumentos fabricados de pedra continuaram predominando em várias comunidades. Além disso, a prática da metalurgia não deveria ser realizada por todos os homens da comunidade. A complexidade desta atividade exigia a divisão do trabalho entre agricultores e artesãos, por isso somente as comunidades que produzissem o excedente de alimentos é que poderiam organizar tal divisão de tarefas.
O homem desenvolveu técnicas e aperfeiçoou seus instrumentos e métodos agrícolas. Aos poucos, as aldeias passaram a produzir mais, gerando assim excedentes que eram trocados com produtos das aldeias vizinhas.
Com o crescimento da população e da produção de alimentos, dessas aldeias surgem as primeiras cidades e consequentemente as primeiras civilizações, como por exemplo, a Egípcia, a Grega, a Romana, a Persa e a Chinesa. Cada uma desenvolve uma arte e organização social de acordo com suas crenças, cultura e com ritmo de evolução diferente.