ARTE ROCOCÓ





O rococó é um estilo que desenvolveu-se no sul da Alemanha e Áustria e, principalmente, na França, a partir de 1715, após a morte de Luís XIV. Também conhecido como "estilo regência", reflete o comportamento da elite francesa de Paris e de Versailles, empenhada em traduzir o fausto e a agradabilidade da vida. 

O Rococó é visto por muitos como a variação "profana" do barroco, surge a partir do momento em que o Barroco se liberta da temática religiosa e começa a aparecer na arquitetura de palácios civis. 

Comparando ambos, podemos dizer que o Rococó é o Barroco levado ao exagero, com muita decoração e o uso excessivo de ornamentos. 

Nesse período também aconteceu a Revolução Francesa que foi fundamental para o destino da arte na Europa, despertando nos artistas questionamentos acerca de seu papel junto à sociedade. 

CONTEXTO HISTÓRICO DA FRANÇA (Séc. XVII - XVIII) 

ABSOLUTISMO MONÁRQUICO: rei governava com poderes absolutos 

Nesse período não havia democracia e oposicionistas eram presos na Bastilha (prisão política) ou condenados à morte (guilhotina). 

Antes da Revolução Francesa, a França vivia uma realidade de monarquia absolutista, configurada por relações feudais, influência religiosa da Igreja Católica na sociedade e na cultura e servidão dos camponeses. Durante o reinado de Luís XVI, a França começou a viver uma crise fiscal. Nesse período, o país já enfrentava uma decadência da aristocracia. 

DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO: ascensão da burguesia. 

Trabalhadores urbanos, camponeses e pequena burguesia pagavam altos impostos ao governo, mantendo o luxo da nobreza.

SOCIEDADE HIERARQUIZADA: 

- Primeiro estado: clero (representantes da igreja que não pagavam impostos) 
- Segundo Estado: nobreza (rei, conde, duque, marqueses que viviam de banquetes e luxos na corte) 
- Terceiro Estado: o restante da população (trabalhadores, camponeses e burguesia que sustentavam a sociedade com pagamentos de impostos) 

REVOLUÇÃO FRANCESA 

Os anos que precederam a Revolução de 1789 foram de grande fome para o povo francês. Essa era uma característica do Antigo Regime, o povo morria mesmo, de fome! 
QUEDA DA BASTILHA
Diante dessa realidade, grupos políticos de esquerda, com o apoio dos camponeses e das grandes massas do país, se uniram para tentar alcançar uma mudança. Assim, os ideais iluministas tomaram conta da França. Ou seja, trabalhadores e camponeses desejavam melhorias na qualidade de vida e de trabalho e a burguesia, mesmo tendo condição social melhor, desejava uma participação política maior e mais liberdade econômica em seu trabalho. 

O esplendor da corte francesa durou, na verdade, uns 25 anos. Quando Luís XIV começou a governar, iniciou a fase de maior luxo na corte. Ele era conhecido como “Rei Sol" e ao Construir o palácio de Versailles fora de paris, fez com que a nobreza ficasse cada vez mais afastada do povo, sujo, faminto e turbulento. O modo de vida da corte francesa era imitado por toda a Europa, assim como os jardins e a decoração de Versailles. 

O fato é que, tanto Luís XVI como Maria Antonieta, viviam completamente isolados do povo, melhor dizendo, do Terceiro Estado que reunia os 96% de plebeus que havia na população francesa entre miseráveis, pobres, remediados e mesmo ricos. Luís XIV foi um rei que não queria saber dos pobres. Subiu ao trono como o Bem Amado, mas morreu odiado e terminou guilhotinado. Foi o menos duro com seu povo, apenas não tomava conhecimento do que ocorria fora dos muros do palácio. O grande problema era o regime absolutista que tinha se tornado insuportável para os franceses. 

MARIA ANTONIETA E LUÍS XVI

A revolução começou em 1789, com a convocação do Estado Geral. Nesse período, aconteceram a Tomada da Bastilha, a aprovação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão e a marcha sobre Versailles. A Revolução é o grande acontecimento político e social do mundo que mobilizou as massas e se tornou o movimento mais significativo da história contemporânea. A Revolução Francesa lutava contra a sociedade feudal e buscava um novo mundo, baseado na modernidade. O lema da revolução pregava a liberdade, a igualdade e a fraternidade. 

ENTENDENDO A ARTE ROCOCÓ 

Rococó é o estilo artístico que surgiu na França como desdobramento do barroco, mais leve e intimista que aquele e usado inicialmente em decoração de interiores. Desenvolveu-se na Europa do século XVIII, e da arquitetura disseminou-se para todas as artes. Vigoroso até o advento da reação neoclássica, por volta de 1770, difundiu-se principalmente na parte católica da Alemanha, na Prússia e em Portugal.

Como inicialmente foi usado na decoração de interiores, o Rococó pode ser considerado o tempo das artes decorativas, isto é, o tempo em que as “artes aplicadas” (artes subordinadas à ornamentação da arquitetura ou à produção de objetos de carácter funcional) atingiram maior expansão. 

A estética do Rococó, eminentemente ornamental, se afastou de toda a ordem, regularidade e simetria das artes anteriores e se aplicou a toda decoração de interiores, cerâmica, mobiliário (com aplicações de tecidos acolchoados e embutidos de metal, de lacas da china, de madrepérola, de ébano…), ourivesaria, prataria, , tapeçaria, objetos de uso do cotidiano e que também são conhecidas como “artes menores”.






O Rococó, essencialmente, na sua estética, é caprichoso, evasivo, elegante e refinado, pelas cores suaves, pelas linhas delicadas, sinuosas e informais valorizando as “artes menores” do cotidiano que faziam parte e se confundiam, principalmente, com a decoração dos interiores dos palácios.

A arte rococó refletia, portanto, os valores de uma sociedade fútil que buscava nas obras de arte algo que lhe desse prazer e a levasse a esquecer de seus problemas reais. Os temas utilizados eram cenas eróticas ou galantes da vida cortesã e da mitologia, pastorais, alusões ao teatro italiano da época, motivos religiosos e farta estilização naturalista do mundo vegetal em ornatos e molduras. 

O termo deriva do francês rocaille, que significa "embrechado", técnica de incrustação de conchas e fragmentos de vidro utilizadas originariamente na decoração de grutas artificiais. 

Na França, o rococó é também chamado estilo Luís XV e Luís XVI. 

Características gerais: 

- Uso abundante de formas curvas e pela profusão de elementos decorativos, tais como conchas, laços e flores; 
- Possui leveza, caráter intimista, elegância, alegria, bizarro, frivolidade e exuberante;
- Decoração carregada;
- Teatralidade;
- Refinamento dos detalhes de móveis e utensílios;
- Ausências da dramaticidade pesada e da religiosidade do barroco;
- Comemora a alegria de viver, um espírito que se reflete inclusive nas obras sacras, em que o amor de Deus pelo homem assume agora a forma de uma infinidade de anjinhos rechonchudos. Tudo é mais leve, como a despreocupada vida nas grandes cortes de Paris ou Viena.
- Elegância e refinamento
- Retrata o cotidiano burguês 

ARQUITETURA 

Durante o Iluminismo, entre 1700 e 1780, o rococó foi a principal corrente da arte e da arquitetura pós-barroca. Nos primeiros anos do século XVIII, o centro artístico da Europa transferiu-se de Roma para Paris. Surgido na França com a obra do decorador Pierre Lepautre, o rococó era a princípio apenas um novo estilo decorativo. 

Principais características: 

· Cores vivas foram substituídas por tons pastéis, a luz difusa inundou os interiores por meio de numerosas janelas e o relevo abrupto das superfícies deu lugar a texturas suaves. 
· A estrutura das construções ganhou leveza e o espaço interno foi unificado, com maior graça e intimidade. 









Principal Artista: 

· Johann Michael Fischer, (1692-1766), responsável pela abadia beneditina de Ottobeuren, marco do rococó bávaro. Grande mestre do estilo rococó, responsável por vários edifícios na Baviera. Restaurou dezenas de igrejas, mosteiros e palácios. 

ESCULTURA 

Na escultura e na pintura da Europa oriental e central, ao contrário do que ocorreu na arquitetura, não é possível traçar uma clara linha divisória entre o barroco e o rococó, quer cronológica, quer estilisticamente. 

Mais do que nas peças esculpidas, é em sua disposição dentro da arquitetura que se manifesta o espírito rococó. Os grandes grupos coordenados dão lugar a figuras isoladas, cada uma com existência própria e individual, que dessa maneira contribuem para o equilíbrio geral da decoração interior das igrejas. 


Principais Artistas: 

· Johann Michael Feichtmayr, (1709-1772), escultor alemão, membro de um grupo de famílias de mestres da moldagem no estuque, distinguiu-se pela criação de santos e anjos de grande tamanho, obras-primas dos interiores rococós. 
· Ignaz Günther, (1725-1775), escultor alemão, um dos maiores representantes do estilo rococó na Alemanha. Suas esculturas eram em geral feitas em madeira e a seguir policromadas. "Anunciação", "Anjo da guarda", "Pietà". 

PINTURA 

Durante muito tempo, o rococó francês ficou restrito às artes decorativas e teve pequeno impacto na escultura e pintura francesas. No final do reinado de Luís XIV, em que se afirmou o predomínio político e cultural da França sobre o resto da Europa, apareceram as primeiras pinturas rococós sob influência da técnica de Rubens. 




Principais Artistas: 

· Antoine Watteau, (1684-1721), as figuras e cenas de Watteau se converteram em modelos de um estilo bastante copiado, que durante muito tempo obscureceu a verdadeira contribuição do artista para a pintura do século XIX. 
· François Boucher, (1703-1770), as expressões ingênuas e maliciosas de suas numerosas figuras de deusas e ninfas em trajes sugestivos e atitudes graciosas e sensuais não evocavam a solenidade clássica, mas a alegre descontração do estilo rococó. Além dos quadros de caráter mitológico, pintou, sempre com grande perfeição no desenho, alguns retratos, paisagens ("O casario de Issei") e cenas de interior ("O pintor em seu estúdio"). 
· Jean-Honoré Fragonard , (1732-1806), desenhista e retratista de talento, Fragonard destacou-se principalmente como pintor do amor e da natureza, de cenas galantes em paisagens idílicas. Foi um dos últimos expoentes do período rococó, caracterizado por uma arte alegre e sensual, e um dos mais antigos precursores do impressionismo.